Entrevista: conheça o Galileu, ferramenta de IA adotada pelo TRT-2 para apoiar magistrados(as) e servidores(as)

Com o objetivo de tornar mais eficiente a elaboração de minutas de sentenças trabalhistas, o TRT da 2ª Região adotou o Galileu, ferramenta que integra inteligência artificial generativa ao processo judicial. O sistema é capaz de propor estruturas, resumos e sugestões de conteúdo com base em dados confiáveis, sempre sob o controle e a validação do(a) magistrado(a).

A seguir, confira breve entrevista realizada com um dos idealizadores da iniciativa, o juiz auxiliar do TRT da 4ª Região, Rodrigo Trindade de Souza, que explica de forma simples como funciona o Galileu e de que maneira ele vai se inserir na rotina de trabalho do TRT-2.

O que é o sistema Galileu?
O Galileu é um assistente para a produção de minutas de sentenças trabalhistas. Ele utiliza, em algumas de suas tarefas, funcionalidades de inteligência artificial generativa.

Como o sistema ajuda na prática?
O Galileu auxilia o juiz fornecendo minutas de partes das sentenças. Ele é capaz de elaborar uma minuta de relatório, organizar estruturalmente a sentença e também sumarizar cada um dos temas abordados.

O conteúdo gerado pela ferramenta precisa ser validado?
Sim. O Galileu apenas propõe minutas. O magistrado é quem valida, reorganiza, ajusta, corrige e complementa os textos. Todo o conteúdo é totalmente editável e depende da análise humana. Além disso, o Galileu também fornece sugestões de subsídios para decisões, mas a partir de um banco de dados controlado. 

De onde vêm as sugestões e os dados utilizados pelo Galileu?
As sugestões de subsídios para decisões vêm de um banco de dados controlado chamado Pangea-Gab*. Ele reúne apenas fontes seguras, organizadas em três camadas: precedentes qualificados, avaliações de jurisprudência consolidada (inclusive do TST) e textos padronizados criados pelos próprios magistrados. Isso ajuda o Galileu a oferecer sugestões mais alinhadas com o estilo e o conteúdo utilizado por cada gabinete.

Como é a interação do magistrado com a ferramenta?
O acesso é feito por meio de login e senha, usando as mesmas credenciais do Processo Judicial Eletrônico (PJe). Ao entrar, o magistrado é direcionado para uma página com os processos que estão na Caixa de Minutar Sentença do PJe. É muito simples: basta clicar um botão para que a ferramenta comece a analisar o processo e a realizar suas tarefas.

É necessário digitar comandos para a IA funcionar?
Não. Diferentemente de outros sistemas baseados em chatbots, que exigem digitação de prompts, o Galileu opera de forma automatizada. Os comandos já estão integrados à programação, dispensando a necessidade de escrever instruções.

Isso facilita o uso por quem não tem familiaridade com tecnologia?
Sim. A ferramenta foi pensada especialmente para magistrados e servidores que não têm intimidade com inteligência artificial. Justamente por isso, evitamos a necessidade de comandos complexos. O funcionamento é direto e intuitivo.

Quais foram as principais vantagens pensadas na criação da ferramenta?
O principal objetivo foi permitir um melhor aproveitamento do tempo de trabalho. Atividades burocráticas, repetitivas e demoradas — como estruturação da sentença, criação de relatórios, pesquisas de jurisprudência e precedentes — ficam a cargo da ferramenta. Assim, os juízes e suas equipes podem se concentrar em tarefas mais intelectuais, como análise de provas, depoimentos e particularidades do processo.

Já há dados sobre o impacto da ferramenta na produtividade?
Sim. No TRT da 4ª Região, onde o Galileu foi criado, os resultados foram surpreendentes. Já no primeiro mês, a ferramenta auxiliou na produção de mais de um quarto das decisões. No segundo mês, foi usada em mais de um terço das sentenças. Acreditamos que, no TRT-2, também será possível alcançar resultados significativos.

Para quais tipos de processo o Galileu pode ser utilizado?
Atualmente, a ferramenta é especializada em sentenças de conhecimento da Justiça do Trabalho. Para processos com decisões muito padronizadas, é recomendável que se usem modelos já existentes. O Galileu é mais útil em casos que exigem maior personalização da decisão.

Há planos de uso também no segundo grau?
Sim. Já estamos testando o Galileu em gabinetes de desembargadores, para auxiliar na elaboração de minutas de recursos ordinários. Também há uma demanda para adaptar a ferramenta à produção de despachos de admissibilidade de recursos de revista.

O uso da ferramenta pode mudar a forma de trabalhar no TRT-2?
Nossa expectativa é de que o Galileu contribua para a redução do tempo dedicado a tarefas repetitivas, permitindo que magistrados e servidores se dediquem mais às atividades analíticas e de tomada de decisão. Isso pode trazer um impacto positivo nas rotinas de trabalho.

O TRT-2 foi o primeiro tribunal, depois do TRT-4, a adotar a ferramenta. Como foi feita essa escolha?
O TRT-2 e o TRT-4 já têm um histórico de parceria e trabalho conjunto. Mas o que fez a diferença foi a visão estratégica da administração do TRT-2. O presidente, desembargador Valdir Florindo, tem essa visão inovadora, e o juiz auxiliar Luiz Fernando Feola foi fundamental ao apoiar e oferecer o Tribunal para o projeto-piloto.

*Pangea é uma ferramenta tecnológica que ajuda na pesquisa de decisões judiciais relevantes (precedentes) para casos trabalhistas, otimizando a busca por jurisprudência e promovendo a uniformidade nas decisões. 

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Atualizado por Secretaria de Comunicação Social (secom@trtsp.jus.br)
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