A Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 2ª Região promoveu, nessa quinta-feira (15/5), o 11º Congresso de Direito do Trabalho, com foco nos impactos da era digital nesse ramo da Justiça. Realizado no auditório do Fórum Ruy Barbosa (av. Marquês de São Vicente, 235, São Paulo-SP), o evento discutiu as evoluções tecnológicas e da inteligência artificial sob a ótica jurídica.
O evento foi aberto pelo presidente do TRT-2, desembargador Valdir Florindo. No pronunciamento, o magistrado reafirmou o compromisso do Regional com a busca por uma Justiça do Trabalho cada vez mais avançada e interconectada. Ressaltou, no entanto, que a mais importante das reflexões, no atual estágio de desenvolvimento tecnológico, é a dimensão humana da justiça.
Segundo o gestor da 2ª Região, a tecnologia deve fortalecer elementos como a ética judicial, compromisso com o ser humano, atenção à desigualdade estrutural, respeito às garantias de magistrados, entre outros. “É isso que está em jogo quando falamos de transformação digital. Não se trata apenas de evoluir tecnologicamente, mas de garantir que a nossa evolução preserve aquilo que torna a justiça do trabalho indispensável”, pontuou.
Alinhada com o discurso de abertura, a jurista Vólia de Menezes Bomfim, desembargadora do trabalho aposentada, discorreu sobre os desafios de se lidar com as novas realidades do teletrabalho, sobretudo em se tratando de controle de jornada e fiscalização do ambiente. José Afonso Dallegrave Neto, professor pós-doutor em Direito do Trabalho, também se debruçou sobre impactos tecnológicos em rotinas de trabalho, dessa vez analisando a problemática dos novos meios de produção marcados pela necessidade de hiperprodutividade, monitoramento e ambiente de competição entre trabalhadores, traduzidos sobretudo no modelo da Amazon.
O Chat-JT também entrou na pauta do evento. Larissa Lopes Matos, advogada e pós-doutora em Direito do Trabalho, comentou sobre os limites do uso da Inteligência Artificial e ressaltou a importância de utilizar a ferramenta própria do judiciário, uma vez que é um ambiente mais seguro, com mais controle sobre os dados que são ali inseridos.
O evento contou ainda com uma exposição do juiz do TRT2 Fabrício Lima Silva sobre a importância das provas digitais na justiça do trabalho e como elas podem ser usadas de forma mais estratégica para que magistrados que atuam na especializada cheguem à verdade real dos fatos. Fechando o congresso, a procuradora do Ministério Público do Trabalho, Adriane Reis de Araújo, discorreu sobre a necessidade de se levar em conta a discriminação algorítimica para interpretar dados da inteligência artifical, já que as máquinas podem carregar uma série de vieses a depender das pessoas que projetam as ferramentas, dos dados disponíveis, entre outros elementos.